quarta-feira, 25 de junho de 2014

Educação ambiental.


4)Elementos da flora/fauna. A oiticica e o agave no Nordeste.
 A oiticica (Licania rigida). Árvore das rosáceas, planta nativa do Nordeste Brasileiro. A oiticica é uma árvore frondosa, exuberante, de grande porte, própria dos solos profundos, que nasce nas várzeas dos rios temporários do sertão nordestino e na microrregião do mato grande-RN. É provável que a oiticica se adapte a outras áreas do Nordeste, desde que se obedeça às condições ambientais e de solo requeridos por essa planta. O valor comercial está no óleo extraído de sua amêndoa oleaginosa, com aplicação na indústria de lubrificantes e como substrato na confecção de velas, ceras, impermeabilizantes, tintas, sabões. Seu óleo industrializado tem combustão lenta e duradoura. A oiticica pode viver mais de 100 anos, mas a aplicação desse óleo, na indústria, vem sendo substituída por derivados de petróleo e também pelo óleo extraído de sementes de maior produtividade. O fato é que as oiticicas existentes no Nordeste, todas nativas, estão muito velhas e não compensa cultivá-las como planta de extrativo. A oiticica foi poupada do machado nordestino porque proporciona, devido a sua densa folhagem, um abrigo do Sol castigante do sertão. Não temos notícia de sua presença em outras áreas do Brasil, mas poderia existir em todos os cerrados.
Agave ou sisal. Também chamada de pita, piteira, babosa-brava. Abecedário, croata; é planta nativa dos desertos e semiáridos das Américas, mas não é brasileira e certamente não sobreviveria na caatinga nordestina que é semiárido devido à escassez de solo e não por escassez de água. O agave foi trazido para o Brasil nas décadas de 50 e 60, provavelmente do México e de desertos da América do Sul. A planta é raízes, caule e folhas, potencialmente celulose. Suas folhas podem atingir 2m de comprimento e 15cm de largura, de onde se extrai as fibras para a confecção de sacos, sacolas, esteiras, tapetes, forros, cordas e cabos e artesanatos: chapéus, calçado, bolsas, roupas. O bagaço que resulta da extração da fibra da folha é celulose para a produção de papel. A haste(ou pendão) que nasce no agave adulto é celulose(o miolo) para a fabricação de papel e  aglomerado de madeira; reproduz-se de duas formas: brotamento nas raízes e no pendão.
Zabelê, Touros-RN, já teve o maior plantio contínuo de agave do Brasil, cerca de 11 mil hectares, alcançando o auge da produção na década de 60, quando surgiram as fibras sintéticas  náilon, rayon, que são mais leves, mais resistentes, eficientes, eficazes com abrangência industrial inatingível pelas fibras do agave. A celulose do agave também foi substituída na produção de papel. Hoje o agave é cultivado em pequena escala nos Estados RN, PB e BA para a confecção de cordas e artesanatos.
O agave é uma planta absolutamente agressiva e nociva ao ambiente nordestino, atingindo o clímax, com domínio total, em uma velocidade (de tempo) espantosa, uma praga que impede o desenvolvimento de outras plantas no seu lugar (antissocial), concorrendo deslealmente com outras plantas. Na década de 60 surgiu uma melodia que dar a ideia da nocividade do agave; transcreveremos uma estrofe dessa melodia: nem q`eu possuísse terras com cem léguas de extensão, e se um pé de agave me rendesse um milhão, eu não plantaria nunca essa infeliz maldição, seu capa verde não me ilude não, não me ilude não..O agave foi extinto há 30 anos em Zabelê, porém sua presença maléfica deixou mazelas que afetam até hoje a produção agrícola dos assentados do INCRA naquela fazenda. O desmatamento levado a afeito para o plantio do agave em Zabelê se refletiu no clima de toda região do Mato Grande-RN, que já foi o maior celeiro de alimentos do RN. Hoje, 80% dos alimentos consumidos no RN vem de outros Estados do nordeste ou das Regiões Sudeste e Centro-Oeste.O agave é, provavelmente, o único vegetal que não SERVE de alimento para o reino animal, porque sua seiva é um ácido de alto  poder corrosivo que destruiria qualquer célula do corpo orgânico animal. Esse ácido circula por todo corpo do agave, inclusive é lançado no chão, pelas raízes, como forma de manter a umidade do solo para a coleta de nutrientes minerais. O ácido é disperso no chão pela infiltração de água das chuvas contaminando todo o terreno, de modo que outras plantas não conseguirão sobreviver nesse ambiente. A ação desse ácido pode durar dezenas de anos.



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