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Curiosidades locais.
No interior do Nordeste é comum ver-se pela
manhã e à tarde pessoas com balaios na cabeça vendendo pães; são os pãozeiros.
Um deles tinha no seu trajeto um cemitério por onde passava duas vezes ao dia –
de madrugada quando ia entregar o pão da manhã, e à noite quando voltava da
entrega do pão da tarde. Um dia o pãozeiro ouviu uma voz de dentro do cemitério
que dizia assim: pãozeiro quer ficar rico? O pãozeiro saiu correndo com o
balaio e pães na cabeça, perdendo metade dos pães pelo caminho; isto aconteceu
outras vezes; um dia o pãozeiro contou para sua esposa, afirmando que estava
com medo de passar junto ao cemitério, mas não havia outro caminho; a esposa
falou: deixe de besteira, ome; essa alma quer te dar dinheiro (conhecida no
Nordeste como botija). O pãozeiro pensou na ideia de ficar rico e deixar aquela
vida sacrificada de entregar pão; afinal iria realizar o seu sonho de ficar
rico com apenas um encontro com a alma que estava precisando se desfazer da botija
(para se salvar). No dia seguinte o pãozeiro bebeu meia garrafa de aguardente
antes de sair de casa, pela manhã, e guardou a outra meiota para quando voltasse
à noite; às 22 horas estava voltando da entrega de pães e ao chegar junto ao
cemitério, depois de tomar a meiota de aguardente, botou o balaio no chão e
aguardou o chamado da alma; subiu no muro e ouviu a voz: pãozeiro quer ficar
rico? O pãozeiro respondeu – quero! A alma disse: vá se lascar! O pãozeiro
respondeu: vai tu, alma fresca.
Essa
estória foi muito divulgada, na década
de 60, em uma região do RN.
Transcrito do Informativo "O Veredicto".
Educação ambiental também é folclore, literatura.
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