Até final da
década de 60 era muito difícil um jovem do interior do Nordeste fazer um curso
superior. As faculdades, pouquíssimas, estavam nas Capitais. Mesmo que a
família do jovem fosse rica, tudo era investido na compra de terra e gado, para
que a herança fosse grande e todos os descendentes da família permanecessem
ricos até o final dos tempos. Com relação às meninas, nada de estudo – bastava
ser parideira para ter muitos filhos; mas na minha terra havia um doutor; tempos
depois eu soube que ele era formado em agronomia, contrariando a vontade da
família que o queria advogado e político. A família do Dr. Zezinho era a mais
abastada da região; seu pai tinha sido
Informativo
O Veredicto, Ano 01, número 04, RNNEBR, 30/06/2.005.
prefeito
desse município e um tio seu era deputado estadual, ambos portadores do diploma
do ginásio, expedido na própria cidade da qual eram os donos, mas o Dr. Zezinho
os considerava analfabetos e dizia ser o único doutor da família. A única
ocupação do doutor Zezinho era beber o dia todo, todos os dias; bebia conhaque
e Whisky, sempre acompanhado de 3 amigos que bebiam somente cachaça; o doutor
Zezinho pagava tudo. De tanto tomar aguardente um dos seus amigos faleceu; o
enterro seria no dia seguinte ás 10 horas da manhã. Dr. Zezinho prometeu a
todos que estavam no bar, que no dia seguinte estaria sóbrio para acompanhar o
enterro do amigo; dia seguinte, logo que o bar abriu as portas o Dr. Zezinho e seus dois amigos de copo
encheram a cara até a hora do enterro.O caixão era conduzido por 4 homens que
se revezavam durante o trajeto até o cemitério; o Dr. Zezinho e seus dois
amigos ficariam para o último trecho do percurso – queriam entrar no cemitério
levando o amigo.
O Doutor Zezinho pegou na “asa do caixão”, sentiu que
o peso era maior do que imaginara, mas permaneceu firme até á capela, dentro do
cemitério; na hora que o caixão ia descer á cova pediram ao Dr. Zezinho que
dissesse algumas palavras em homenagem ao amigo; botou as mãos para trás, andou
para um lado, para o outro, em silêncio, e de repente parou, deu uma olhada em
todos que estavam ali e disse, apontando para o caixão: se até aqui nós o
trouxemos, daqui para frente o diabo que o carregue. As pessoas saíram em
disparada pela porta do cemitério, só ficando ele, os amigos e o coveiro.
Educação ambiental é literatura, é ciência social.
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