Encontramos no assentamento do INCRA em Zabelê, Touros-RN, as mulheres "assentadas" literalmente, raspando mandioca, enquanto o restante das operações que transforma a mandioca em farinha é todo mecanizado, e operado por homens; 1) já existe maquinário para fazer o serviço de raspagem; 2) por que só as mulheres ficam o trabalho mais grosseiro, artesanal;
A mandioca, como já vimos em postagens anteriores é originária da Amazônia Brasileira, onde a oferta de chuvas anual é maior que 2.500L/m²/ano, mas é a única lavoura de subsistência nordestina que produz normalmente com 200L/m² de água das chuvas, e ainda, se chover mais de 800L/m²/ano o tubérculo apodrece com o solo encharcado, mostrando que a mandioca do semiárido NE não é a mesma de outras áreas do Brasil; a colheita (arrancar a mandioca) é feita com 8 meses de vida, quando o tubérculo "engrossa" - atinge um volume ou massa de 5 litros ou 8kg por cova, pé de mandioca; Se o terreno for fértil essa massa por pé de mandioca é multiplicado por 3; em um hectare plantam-se 1.000 pés, para se colher 10.000 a 20.000kg de mandioca IN Natura, 1kg X m², um grande rendimento agrícola; A farinha de mandioca deixou de fazer parte da mesa nordestina, mas por outro lado a produção de mandioca só acontece nas chãs das serras do semiárido, e em áreas de planaltos, com clima ameno; ou seja, não se produz mandioca no sertão baixo, quente; A mandioca tira uma grande variedade e porcentagens de nutrientes da terra, devendo ser feita a correção do solo a cada plantio, o que não é comum no NE; Nas terras de Zabelê, planas, extensas, profundas, não há erosão, por ser planas, não há lixiviação de nutrientes por ser argilosa/arenosa, e espessura do solo pode ser de mais de 20 metros, um processo de formação geológico diferente do restante da área do RN; A mandioca fornece vários produtos no processo artesanal - a farinha de mandioca, a fécula (goma), a maniva é alimento do gado, as folhas são muito nutritivas, boas para "salada" verde de mesa; mas se industrializada adequadamente a mandioca e a macaxeira poderiam substituir a farinha de trigo na fabricação de pão e bolos; já existe, neste sentido, a mistura da farinha de trigo com a mandioca, mas é possível substituir completamente a farinha de trigo por farinha de tubérculos cultivados no semiárido, e aí inclui-se o inhame e a batata; O trigo é um cereal que exige clima frio, mas o Brasil é país tropical (exceto o RS). A dependência de trigo para o Pão torna o Brasil vulnerável dependente de exportação. A produção de tubérculos, como massa de alimentos, no semiárido NE é significativa, mas falta a tecnologia no processo agrícola, na produção, e no beneficiamento; é possível agregar valores.
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