sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Educação ambiental.

A parede de terra de 550 metros de extensão do que teria sido um açude na fazenda Ubatuba, agreste RN, vendo-se duas manchas brancas na área que deveria ser a represa; na mancha menor, mais próxima, são cinzas de uma queimada de juremas que habilmente insistem em nascer na área, aproveitando o solo de sedimentação do assoreamento de dezenas de anos do açude; a mancha maior, e mais distante é o espelho da lama que restou dos 400mm de chuvas precipitados em 2.013 diretamente no açude, vazio,  já que as chuvas, de baixas precipitações, e distanciadas em até 30 dias, uma da outra, não foram suficientes para escorrer (correnteza) água  no rio (morto) que fornece água (quando chove suficiente) para formar a represa do açude; Quando esse açude foi construído há 60 (ou mais) anos os parcos recursos técnicos empregados na construção, e a  indisponibilidade de financiamentos públicos para uma obra dessa envergadura exigiam um grande empenho e muito dinheiro em espécie do fazendeiro; Bancos só na Capital, em Natal; não havia empresas de construção de açudes,  empreiteiras, nem máquinas como retroescavadeiras, enchedeiras, e muito raramente os tratores (de esteiras, de lagartas) tinham disponibilidade de  vir de Natal, a 90 km de distância, por estradas de terra, intransitáveis na época das chuvas, para chegar até aqui; tudo era feito no braço, trabalho braçal do Homem: cavava a fundação da parede, cavava o porão do açude com picaretas de ferro;  a terra para a parede, piçarra, cavada com picaretas, e os mesmos 6 operários para cada caminhão, com carrocerias de madeira, enchiam a carroceria, com piçarra, usando pás de ferro, e deslocando-se (os 6 operários) sobre a carga de terra, descarregavam, com as pás, a carga  de piçarra no local da parede; esses detalhes sobre a construção de um açude, no interior do RN, do início ao meado do Século XX é nossa tentativa de mostrar que as condições climáticas na época da construção desse açude eram diferentes, e que realmente a açudagem, como forma de disponibilizar água do abastecimento doméstico, para o gado (da fazenda) beber, para se plantar capins, ração do gado, era uma solução para se conviver com as estiagens; as dimensões desse açude, que pode acumular, cheio, mais de 1 milhão de metros cúbicos, são condicionadas: 1) á oferta de chuvas; 2) bacia hidrográfica; a bacia hidrográfica ocupa mais de 20km² nas abas da serra da Formiga; o açude sangrava, com as chuvas intensas,  3, e até 5 anos seguidos; somente na década de 90, com 3 ou 4 anos com oferta de chuvas inferior a 300mm/ano, o açude secou; a última vez que encheu foi em 2.011; Imaginem 400mm de chuvas em 2.013,  400 L/m², na bacia hidrográfica de 20 km², onde cada km recebeu 400.000m³ de água das chuvas; 400.000 x 20= 8 milhões de metros cúbicos, 8 vezes maior  que a capacidade de armazenamento desse açude; Matemática não mente; a seca nordestina é mesmo fruto do analfabetismo científico.

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