O Sr. José Antônio dos Santos é assentado do INCRA no assentamento Lagoa Nova-RN, assentamento fundado em 1.999; autorizou essa tomada fotográfica e nos concedeu uma pequena entrevista, que iremos postar alguns tópicos; A Fazenda Lagoa Nova que durante cerca de 70 anos pertenceu ao Ex-governador do RN, Juvenal Lamartine e sua família, foi grande criadora de gado bovino, mas FALIU com as grandes estiagens das décadas de 60/ 70, quando foi vendida (as terras) para um grupo de pessoas (ou família), que aproveitando a facilidade de crédito concedido, a fundo perdido (ou empréstimo perdoado) pelo governo BR de então, investiu em um projeto de plantio de cana-de-açúcar, com usina de beneficiamento; plantio de mandioca para a produção de farinha, com usina própria; plantio de capins para criar gado bovino; o projeto parecia o Eldorado em pleno agreste RN semiárido; nos cerca de 7.000 hectares centenas de pequenos açudes, mas apenas um deles, com água salobra, depois salgada, suporta os 11 meses de verão, sem chuvas; a cana de açúcar, uma gramínea, de fato suporta solo e água com baixa salinidade, como acontece nos brejos de altitudes do RN, CE e PB. Enquanto o governo BR ia soltando dinheiro o projeto andava às custas dos recursos públicos, mas a mudança de governo fechou a torneira do investimento e o projeto FALIU; a iniciativa privada não iria adquirir essas terras secas, salinizadas, assumindo a dívida com o governo; Então os proprietários tiveram a ideia de convidar pessoas da área para INVADIREM sua propriedade, e ainda dava as lonas para os barracos, água e comida nos acampamentos dos "sem terra"; com grande influência política, os proprietários dessas terras conseguiram convencer o INCRA a fazer vistoria nos benefícios, que incluíam (além das terras) uma usina de moer cana-de-açúcar, várias máquinas de beneficiamento de farinha de mandioca, dezenas de galpões abarrotados de máquinas agrícolas, veículos, caminhões usados e SUCATAS; Tudo foi avaliado como útil, perfeito estado de conservação; O assentamento recebeu 240 famílias, 4 agrovilas - Quintururé, Furnas, Lagoa Nova II, Arisco+18; Nesses 14 anos as chuvas de até 300mm/ano em 1.999, 2001, 2.002, 2.003, 2.005, 2.006, 2007, 2.010, 2.012 e com esse (baixo) volume de chuvas não há pasto para alimentar o gado, os barreiros e açudes não tomam água para o verão, não tem plantio de lavoura; o governo federal ia liberando gado bovino para os assentados (agricultura familiar), que morria de fome, ano seguinte nova lerva de gado era distribuída; nesse período de 14 anos tivemos anos com oferta de chuvas maior que 1.000L/m²/ano: 2.000, 2.004, 2.008, 2.009 e 2.011, e mesmo assim os assentados não conseguiram produzir alimentos, feijão macassar e milho, nem para a família durante o ano; Essa área do assentamento representa 10% do RN aonde em 2.013 caíram chuvas suficientes para manter o solo úmido, de abril a agosto de 2.013, criando pasto verde para o gado comer (que já secou, naturalmente) e deu para o Sr. José Antônio colher 3.000kg de milho, e 300kg de feijão macassar; o governo federal tem um programa que fornece o kg de milho ao Homem do campo, para alimentar o gado, a 25 centavos, e certamente ninguém quer comprar o milho do Sr José Antônio por mais de R$ 0,25; os 300 kg de feijão estão em silos, suficientes para a família do Sr José comer até que venham novas chuvas em 2.014, e se plante feijão novamente; Nesta fotografia o Sr. José Antônio mostra seu único patrimônio, resultante de 14 anos de trabalho com a família: 9 cabeças de gado bovino, com 3 vacas em período lactante, das quais ordenha 30litros de leite que lhe rende (com a venda) 33 reais por dia; com o pasto secando o gado vai perder peso, e para que as vascas forneçam os 30 litros de leite, diários, o Sr José vai alimentar o gado com seus 3.000kg de milho colhidos do roçado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário