domingo, 9 de junho de 2013

Educação ambiental.

Leito de um rio temporário encrustado no sertão nordestino de caatingas; Vale ressaltar que rio temporário é aquele que tem água corrente em um determinado período (das chuvas) do ano. a última vez que correu água no leito desse rio foi em junho de 2.011; passam-se até 5 anos sem ter água corrente no leito dos rios do sertão nordestino, e assim tem-se um rio seco, embora não se possa dizer que é rio morto; a metamorfose de rio temporário em rio seco aconteceu nos últimos 100 anos, e tem duas causas: 1) redução na oferta de chuvas, prolongamento das estiagens; 2) construção de açudes no rio e nos riachos afluentes; no sertão nordestino há mais açudes do que casas de morada do Homem; os pequenos açudes são chamados de "barreiros" e representam 90% da açudagem; o tamanho do açude, capacidade de armazenamento, se baseia nas dimensões da bacia hidrográfica dos rios/riachos que o abastece; a impermeabilidade e ondulação do terreno da caatinga faz com que corra água nos riachos com qualquer chuvinha de 20mm em 12 horas; essa água pode chegar até o rio, mas não vai correr no leito do rio que tem uma camada de areia, no leito, com mais de 10m de espessura que absorve toda água, armazenando-a, lençol subterrâneo; só terá água corrente no rio com chuvas maior que 50mm - 50L/m² em 24 horas; os açudes só enchem se em um período de 30 dias houver precipitações que somem mais de 200mm; se em 5 meses as chuvas somarem mais de 600mm; Já foi dito, nestas postagens, que a partir de 2.010 verificou-se que o clima no Nordeste  acumulou as mazelas criadas pelo Homem, e estabeleceu uma fuga de água da superfície do terreno (chão) de 3,5 litros por m² ao dia, e 11 litros por m², ao dia, da superfície da represa do açude; com uma chuva de 10mm o chão seca com 3 dias de Sol; durante o verão, sem chuvas, que pode chegar a 300 dias, a evaporação de água do açude é de uma lâmina de água de  11 x 300 = 3.300 mm de espessura, ou 3,3m; um açude com uma lâmina média de água de 3,3m (de profundidade) desaparece, com: 1) evaporação para o AR, devido a alta intensidade de luz solar; 2) o vento seco, com baixa umidade, tende a extrair água dos açudes (e do chão) para repor a umidade; 3) a terra seca em torno da represa do açude suga água para manter o equilíbrio de umidade; 4) falta de uma cobertura vegetal em torno da represa para reduzir essas fugas - normalmente os engenheiros projetistas desmatam uma área 10 vezes maior do que a área ocupada pela represa do açude; há também o fato de que a vegetação na caatinga ocupada pela represa já naturalmente escassa ou ausente; Construir açudes com o atual clima do sertão de caatingas é fantasia, é jogar dinheiro fora; mas voltemos ao rio seco da fotografia; cientificamente, e apesar da redução na oferta de chuvas no sertão de caatingas, é possível utilizar os rios secos, transformando-os em depósitos naturais de água das chuvas para o abastecimento urbano e produção de alimentos; devido a impermeabilização e ondulação da caatinga, o sertão tem a maior densidade de riachos e rios (temporários) por área, no Brasil; resta saber o que é rio e o que é riacho, já que estamos falando de cursos de água, sem água na maior parte do tempo; mas quem determina as dimensões de um curso de água são o volume de chuvas e o relevo; o relevo continua o mesmo, mas a oferta de chuvas foi reduzida drasticamente no sertão; a definição de rios e riachos, no caso do sertão, está relacionado com a largura do leito e a profundidade da calha determinadas ao longo de milhões de anos, lembrando que a calha do rio ou riacho normalmente está preenchida com areia arrastada das partes altas, no caso as serras, serrotes e caatingas; Na prática,  Com leito de até 10 m de largura seria riacho. No caso do rio da fotografia seu leito de areia tem mais de 80m de largura e 2 várzeas laterais, com solo, em um nível mais alto, e todo rio imprensado pelas caatingas, serras e serrotes, onde nasce o rio.
O rio com leito de areia de  80m de largura, 10 m de profundidade, tem capacidade de armazenar, guardar 80% desse volume de areia, em ÁGUA. um quilômetro (1.000m) do rio tem 80X10X1.000= 800.000m³ pode-se armazenar  640.000m³ de água; qualquer enchente no rio só acontece depois que a água infiltrada, drenada é capaz de encharcar a camada de areia; a água armazenada na camada de areia tem 2 tipos de fugas: 1) evapora da superfície nos 30cm mais externos da área, e à medida que vai secando a superfície da areia, a água do fundo vai repondo a umidade; 2) o rio tem uma diferença de nível das cabeceiras para a foz, o que determina o fluxo de água corrente, por gravidade; da mesma forma a água armazenada na camada de areia tende a correr (internamente) por gravidade na direção da parte baixa, a foz; após a enxurrada, enchente a areia permanece ensopada durante meses, no verão, mas à medida que o tempo vai passando as duas fugas de água faz com que o lençol subterrâneo perca água, diminuindo o nível do lençol, podendo secar; é comum as cacimbas escavadas no leito de areia do rio secarem primeiramente onde o leito é mais alto, a camada de areia é mais fina; no caso desse rio da fotografia, que recebeu várias enchentes em 2.011, até o mês de junho, durante o restante do ano de 2.011 e metade de 2.012 plantou-se vazantes na areia do rio, até que o nível da água do lençol tornou-se profundo (baixou) não podendo ser alcançado pelas raízes da lavoura, inviabilizando a cultura agrícola; Durante os anos de 2.012 e 2.013 a oferta de chuvas de 150L/m² ao ano precipitadas no leito de areia do rio criaram um lençol de 150mm, ou 15 cm no fundo do leito do rio; essa água numa camada de areia de 10m de espessura ficou protegida da evaporação na superfície da areia, mas não ficou isenta da fuga por gravidade, da parte alta para a parte baixa do rio, no fundo da camada de areia; essa água de 15 cm acumulada no fundo se distribuiu por toda camada de 10m de areia, não proporcionando condições de formação de lençol de água; para a comunidade científica brasileira (e provavelmente em toda Terra), os elementos citados aqui: baixa oferta de chuvas, 2 fugas de água, inviabilizam os rios secos do sertão de caatingas para criação e manutenção da vida; 1) independentemente do volume de chuvas (desde que maior que 100 L/m²) pode-se coletar água das chuvas, todos os anos, nas caatingas laterais para ensopar, abrejar a camada de areia do leito do rio; 150mm de chuvas, ou 150L/m² de 2.012 e de 2.013, são 150.000 metros cúbicos de água por km²; em 1 km de extensão desse rio, com camada de areia de 80m de largura e 10 m de espessura, pode acumular 640.000m³ de água; para captar essa água, no caso das chuvas de 2.012 ou 2.013, teríamos de captá-la em uma área de 4 km² da caatinga; Como? impermeabilizando-a com lona plástica, durante (apenas) o período chuvoso de janeiro a junho, lembrando que o próprio leito  de areia do rio já é área útil de captação de água diretamente das nuvens. Para evitar as 2 fugas de água do lençol - por evaporação, e por gravidade; a camada de areia no leito do rio é assentada (sempre) em lajedos extensos, forrando todo o rio; a cada km do rio constrói-se uma parede de pedras/cimento, a partir do lajedo firme, barrando o fluxo da água por gravidade, na altura da espessura da camada de areia, e assim protegida das enchentes; para EVITAR a fuga de água por evaporação da superfície da areia do rio arboriza-se as várzeas laterais, com fruteiras arbóreas de longa vida - cajueiros mangueiras, e PLANTAM-se, densamente, gramas (alimento do gado) na areia úmida no verão, e até batata doce, feijão macassar, como já é comum;
Para tornar esse armazenamento de água no leito de areia do rio seco do sertão mais eficiente, contornando todas as formas de evasões da água, retira-se a camada de areia, forra-se o fundo do rio com encerrado plástico,  e repõe-se a camada de areia sobre o encerado, isolando assim a camada de areia do chão, evitando a fuga de água nas brechas dos lajedos que forram o leito do rio; nestas condições as enchentes ocasionais do rio não conseguem agredir o encerrado embaixo da camada de areia.
Para as pessoas, inclusive os nordestinos como EU, estas são medidas técnicas cientificas que realmente funcionam para reverter o quadro fatídico e degradante que se abateu sobre o Nordeste e sua gente; até mesmo a caatinga, em processo de desertificação, pode se transformar em lugar úmido e fértil, útil para se morar, viver.

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